segunda-feira, 29 de março de 2010

Uma mudança de paradigma

Vivemos em um período totalmente dominado pela ideologia. Parece a repetição de um clichê, mas é a mais atual das constatações. A ideologia ganhou formas e cores, sons e luzes, passando a fazer parte do nosso dia a dia, enraizado em nossos pensamentos e pragmatismos. Deixou de ser imaterial e se materializou na forma de novos produtos derivados da tecnologia e da aplicação de técnicas cada vez mais unificadas. O pensamento produzido por uma lógica perversa, que considera todos como coisas e que antevê a diminuição da participação das pessoas na economia e na vida, relegados a condição de excluídos.

Produz-se, hoje, discursos que antecipam o que ainda não existe como fato já consumado, existente e natural. Antes que se possa pensar a respeito, somos bombardeados por ideias que não se sabe de onde vieram ou para onde vão, apenas consome-se sem questionamentos. Assim, nasce também uma produção de conhecimentos que ao invés de nos estimular um pensamento libertador nos prende em uma caixa forte, um cofre, impedindo-nos de questionar "quem mexeu no meu queijo?" porque não há tempo a perder nessa trajetória de mudanças ininterruptas. Simplesmente temos que nos lançar em uma corrida desenfreada por buscar as migalhas que nos são ofertadas por quem controla todas as possibilidades e todos os estoques, obrigando-nos a aceitar como natural o movimento artificial de retirar a dignidade, a cidadania e a participação na vida da sociedade. Não há tempo a perder.

A maior arma contra o mal que nos ameaça e nos oprime, a informação, virou o maior veículo de reprodução dessa situação. As informações são manipuladas para convencer a todos de que não há retorno ou solução. Estamos cada vez mais desinformados e deformados. Por onde anda a educação? Cumprindo o seu papel de perpetuar o sistema cruel e excludente, onde não há espaços para a solidariedade e o pensamento político.
Edmario Nascimento da Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário