sexta-feira, 30 de abril de 2010

Um cochicho...

Para entender qualquer assunto precisamos nos debruçar sobre as partes que o compõem  para buscar o seu funcionamento ou sua razão de ser.

Quando dizemos que estamos estudando isso deveria implicar no ato de buscarmos a compreensão para algum tema, questão, assunto ou fato. Compreensão essa construída a partir da observação das conexões entre o antes e o depois, das relações situadas em níveis sub e que necessitam de um pouco mais de concentração. Estudar significa que estamos em estado de desequilíbrio cognitivo que nos obriga a buscar um ponto para nos equilibrar. Estudar é a busca por desvendar um mistério que se apresenta em forma de pistas a serem lidar e interpretadas para construir ou reconstruir os sentidos que ficaram ocultos ou distanciados.

É um fato cognitivo, emotivo, consciente e ordenado. Não acontece aprendizagem no estudo de forma aleatória. Precisamos reunir as informações de que dispomos, aquilo que já sabemos para com elas criar um ambiente propício para adquirir novos conhecimentos. Tanto mais profundo será o nosso conhecimento quanto mais profunda for a emoção que sentimos ao estudá-lo. Há mais chance de aprendermos sobre um assunto que nos desperta curiosidade, prazer e sensação de crescimento do que um assunto com o qual mantemos uma relação mecânica, obrigatória, sem entusiasmo algum.
Edmario Nascimento da Silva

terça-feira, 27 de abril de 2010

Representar...

Em nosso dia a dia estamos cercados por imagens diversas: sinais de trânsito, ícones no computador, livros e revistas, propagandas na televisão, em outdoors, pinturas de ônibus etc. Todas essas imagens que nos bombardeiam constantemente querem nos transmitir alguma mensagem. Em alguns, para compreender essas mensagens é ncecessário ter algum conhecimento prévio, outras vezes as mensagens são direcionadas para o nosso subconsciente ou para os nossos sentimentos.

Todas essas imagens recebem o nome de representação. A representação é a tentativa de transmitir ideias através de símbolos, ou seja, uma representação qualquer é o símbolo de uma ou mais ideias que se quer fazer compreender. Tomemos como exemplo a ideia do amor. Há várias formas de representá-lo: corações vermelhos ou simplesmente corações, rosas vermelhas, através de poemas e músicas, com um olhar... todos querem transmitir o que seja o amor. Encontramos na Bíblia uma representação do que seja o amor para o apóstolo Paulo, em sua 1ª carta aos corinthios, capítulo 13. No dia dos namorados, rosas e bombons dizem "eu te amo".

Vê-se, portanto, que o ser humano sempre está buscando alguma forma de transmitir suas ideias, seja através de imagens, seja através de palavras ou através de sons. A representação acompanha o ser humano mesmo antes da escrita, quando ele fazeia pinturas nas cavernas para demonstrar a ideia que povoavam sua cabeça. A própria escrita nada mais é que a representação gráfica do som, ou símbolo que busca representar o som. Aos escrevermos estamos utilizando um sistema de símbolos convencionados para representarem determinado padrão sonoro. Por isso, a representação é constante em nossa vida.
Edmario Nascimento da Silva

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Por não ter nada para dizer!

Ando meio sem tempo para postar aqui no blog! Trabalho, universidade, família, amigos, música, correção de provas... ufa! De todo modo, senti falta de escrever nesse espaço! Já faz parte da expectativa de meu dia postar alguma coisa no blog. Quando você começa a fazer algo de que gosta ou que passa a gostar, logo faz parte de você. Assim é que, sem muita dificuldade, vamos criando novos hábitos, incorporando elementos distintos, fazendo com que cada vez mais tenhamos o que dizer, ou nesse caso, o que escrever.

Todos deveriam fazer algo novo em seu dia, ou pelo menos, fazer de modo novo algo da rotina do seu dia: dizer um bom dia diferente, dar um sorriso diferente, dar um abraço surpresa em uma pessoa que nunca espera um abraço nosso, dizer "eu te amo" para um amigo, ler um livro que normalmente não leria, assistir a uma programação diferente, tirar o dia para não fazer nada... enfim, mudar algo do nosso dia.

A maturidade que alcançamos não está necessariamente ligada a quantidade de anos que vivemos. Podemos alcançar maturidade ainda em idade tenra. As leituras que fazemos, as experiências que vivemos (e a forma como as vivemos), o convívio com pessoas diferentes, a abertura para ouvir o outro de modo sincero, falar com o coração empolgado sobre algo que vimos ou ouvimos, o encantamento com a vida são coisas que nos fazem crescer.

Todas as pessoas deveriam ter oportunidade de ler bons livros, ouvir boa música, aprender um instrumento e ter amigos verdadeiros. Esses tesouros preciosos dão um toque especial a vida e fazem dela inesquecível. Certamente muitas pessoas não dão o devido valor a cada uma dessas coisas mas isso só acontece porque não tiveram a possibilidade de cedo, ainda na formação de seu caráter, manter contato com tais tesouros e desfrutar de seus encantos.

Finalmente, somente porque não tinha nada para dizer mas por força da necessidade de escrever é que estou postando esses pensamentos. Afinal, esse espaço é para trocar uma ideia e bater um papo.
Edmario Nascimento da Silva

domingo, 18 de abril de 2010

Homo sapiens, homo destruens

O processo evolutivo do  big bang até o surgimento da humanidade passou por violentos cataclismos de vida e de morte. Mas lentamente a vida se firmou contra as ameaças da natureza até o advento do ser humano. Alguém que ontem não tinha consciência de si hoje inicia o processo de humanização. Aos poucos enfrenta a natureza em sua força e agressividade. Dotado de razão, fabrica instrumentos como meios para subjugá-la. Quanto mais aperfeiçoa as ferramentas, tanto mais agride o ambiente. No começo, tudo caminha lentamente.

Com facilidade, imaginamos a Idade Média como momento cultural de contemplação. A expansão enorme da vida religiosa contemplativa, com mosteiros e conventos situados em lugares geográficos maravilhosos, criava uma mentalidade de admiração diante da beleza da natureza. Esta se tornara a matriz do pensar, do rezar, doagir. O ser humano se sentia pequeno em face dela. Ora o fascínio diante de momento de esplendor de beleza, ora o temor em face de catastrofes despertavam nele o sentimento religioso.

Isso é parte da verdade. Estudiosos da tecnologia denunciam ali inícios de devastação da natureza por conta da indústri do vidro, do couro e do abate de animais. Derrubavam-se árvores para alimentar o fogo dessa indústria incipiente e aquecer as casas no frio. Sem cuidados de higiene, já se poluíam as águas e os cortes da natureza feriam o equilíbrio. Anunciavam-se já estragos que rompiam a harmonia do ambiente.

O ser humano diferencia-se do animal ao introduzir desequilíbrios no mundo circundante. Em vez de ler a natureza nos seus sinais de vida e morte, impõe suas regras com outra lógica. E, aos poucos, o jogo entre vida e morte se inclina para o aumento da vida humana à custa de toda outra vida. (O DOMINGO. J.B. Libanio, sj.).

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Qual o propósito da educação?

Nos discursos proferidos na escola a educação é meio para que os indivíduos alcancem autonomia de pensamento, tornem-se capazes de agir em consonância com a ideia de cidadania, que implica em ter em conta o que é melhor para o grupo ou sociedade, atingir um bem estar que equilibre a convivência entre todos os membros que o compoem.

Educa-se para que os indivíduos busquem atingir a justiça em suas ações e palavras. Para que possam, diante de uma injustiça, interpor-se em favor do que é justo e certo, ainda que isso não seja diretamente benéfico para si, mas que alcançará a harmonia social.

Pode-se, inclusive, afirmar que a educação tem como finalidade alcançar a felicidade e a paz. A felicidade é um bem perseguido por qualquer pessoa. Ser feliz decorre de conseguir alguma forma de realização do propósito da vida. É feliz o ser humano que sonha e almeja a realização desse sonho. Gonzaguinha nos ensina que sem sonhos se morre e se mata. Consequentemente, o ser humano que é feliz vive em paz com os seus semelhantes.

Note-se, então, que o propósito da educação é de um alcance para além da simples transmissão do conhecimento. Trata-se de buscar o sentido último da vida e nos preparar para atingí-lo. Vai além de um mero momento. Liberta e transforma!

Há de se pensar: Em que momentos se faz a educação? Quando é que, conscientemente, recebemos educação? Quais são os meios adequados para educar o ser humano?

Outras tantas perguntas podem ser elaboradas sobre o tema da educação, mas o fato é um só: não existe hora e nem lugar para a educação. Toda oportunidade deve ser aproveitada.

E como saber que alguém foi atingido pela educação? A resposta é mais simples do que se possa imaginar. Quando começamos a distinguir o que é justo, o que é bom senso, a ponderar sobre os acontecimentos e buscar o equilíbrio.

A escola desempenha um aspecto da educação muito importante: oportuniza que as diversidades encontradas na sociedade possam ser experimentadas em seu ambiente, discutidas, analisadas, compartilhadas preparando, desse modo, os alunos para viverem em sociedade. Quando a escola atinge esse propósito e junto com isso é capaz de fornecer instrução, informação, formação (que não se confundem com educação, antes são partes que podem ser decompostas do todo) podemos dizer que educou o aluno.

Não podemos confundir educação com repetição de conceitos e fórmulas, regras e exemplos. Nem podemos acreditar que alunos que responderam uma avaliação “de cabo a rabo” - para utiliza uma expressão cultural – são os mais preparados para a vida e para atuar na sociedade. Deixemos cair o véu que recobre o nosso olhar e nos esforcemos para atingir o objetivo final da educação, desenvolvendo a capacidade de perceber situações de injustiça e buscando corrigi-las a tempo, antes de provocar uma deformação no lugar da educação.
Edmario Nascimento da Silva

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O mito da adolescência... histórias para enrolar o coração (e a cabeça)!

Em uma época em que a ciência não havia se desenvolvido ainda, as explicações para os fenômenos extraordinários que ocorriam no dia a dia do ser humano partiam de observações da vida prática misturadas a uma imaginação fantástica. O resultado dessa mistura chamava-se mito.

Com o passar do anos e o desenvolvimento do conhecimento humano era de se supor que não haveria mais lugar para a mitologia, ou seja, explicações fantasiosas para os eventos da vida. Contudo, não foi bem assim que ocorreu. Na verdade, o avanço científico estimulou cada vez mais a criação de mitos: o trabalho dignifica o homem; todos somos iguais perante a lei; vivemos em situação de miséria porque o país é  pobre; o voto é a arma do cidadão para transformar a sociedade; quem ama é fiel; o amor supera tudo... e uma infinidade de outros contos e lendas.

Quero nesse espaço pensar sobre um deles em especial: O mito da adolescência! Nas sociedades primitivas não existe a figura do adolescente. Os "adolescentes" vivem em conjunto com os adultos assumindo responsabilidades e tarefas. Não há registro na história das civilização grega ou romana sobre qualquer coisa havida como adolescência. Entre os espartanos, os cidadãos eram afastados de suas famílias aos sete anos recebiam treinamento e assumiam a sua obrigação para com Esparta. Eram treinados nas artes de combate mas também na política. Em Atenas, a idade dos sete anos marcava o início do período de estudos em artes, filosofia, política, retórica, matemática e poesia além de cultuarem a boa forma do corpo. Entre os romanos, desde cedo, recebiam educação para a vida política e o exercício da cidadania romana. Na história, vários imperadores, reis, governantes etc tinham a idade entre 12 e 14 anos. Onde estavam as transformações psicológicas pertubadoras, capazes de desequilibrar as atitudes dos jovens e torná-los despidos de bom senso e responsabilidade? Em que lugar estavam escondidas a descompensação hormonal e as mudanças de humores que caracterizam a tal adolescência? Onde estava escondida a irresponsabilidade característica dessa tal fase? E todo o blá blá blá... onde?

Somente após a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, quando foi preciso estimular a formação de um exército de reserva é que tem início a ideia de adolescencia. Quando as condições materiais permitiram que um número cada vez menor de pessoas fossem necessárias para produzir riquezas, o número de mãos utilizadas no trabalho foi sendo reduzida. Nesse momento, ao invés de permitir aos demais usufruir das benesses do avanço, criaram mecanismos eficientes de controle das peças de reposição para o mercado de trabalho e inventaram a adolescência.

Nos dias que se seguem, a tecnologia e as ciências associados a ideologia massificadora e idiotificante do ser humano criou um híbrido perfeito: manipulável, maleável e inconsistente. A figura do adolescente ganhou o centro das atenções. A psicologia moderna encarregou-se de descarregar sobre os pais, mestres e sociedade ideias falaciosas sobre a famosa "transição" para a idade adulta. A pedagogia, em especial, procurou responsabilizar totalmente os educadores pelo fracasso do adolescente e idolatrou o sucesso de outros (raríssimos) como exemplo de jovem que supera a falta de preparo do educador. A mídia encontrou o consumidor perfeito. E o mundo paga a conta. A adolescência virou um monstro de olhos vermelhos e garras afiadas pronto para destruir a sociedade sem ter que se preocupar com qualquer consequência.

Qualquer adolescente quer ouvir que ele vive um período difícil, complicado, com muita pressão: a descoberta do amor, a transformação do corpo, a aproximação do vestibular, a sexualidade... Todos querem que se diga: Não é culpa sua! Você não tem que se preocupar com isso! Ainda são jovens e tem que aproveitar! Ao meu ver o que de fato é necessário é acabar ou pelo menos transfomar essa mitologia em algo mais palatável, mais verdadeiro. Utilizar aspectos reais (transformação do corpo, hormônios...) e misturá-los à fantasias (ser irresponsável, indeciso, inseguro...) dando vida a uma fase, não significa dizer que essa mitologia contemporânea não possa ser superada (assim como a mitologia grega foi superada pelas descobertas posteriores).

O que sei de fato é que em nada ajuda ao adolescente ratificar todas as besteiras que se diz sobre eles. A solução é simples e sempre esteve a disposição, tendo sido citada pelas sagradas escrituras em seus livros sapienciais: Educa a criança no camino reto para que não tenhas que repreender o adulto.
Edmario Nascimento da Silva

É hora de acordar!

De fato há uma barreira que parece intransponível impedindo as pessoas de exercitarem a sua capacidade de pensar e exercitar o livre arbítrio.

Durante o meu dia convivo com pessoas diferentes, de diferentes formações, história de vida e experiências diversas e, cada vez que o dia termina, coloco-me a pensar sobre a lição aprendida. Causa-me certo pavor perceber a maneira como se interpõe entre o indivíduo e sua realidade o descaso com sua liberdade.

Construir uma cidadania - de fato o termo que se deve aplicar é construção pois se trata de um estágio a que o ser humano precisa efetivamente vir a ter, não estando dado e posto desde sempre e para todos - implica em garantir condições mínimas para se ter dignidade: ter uma casa para morar, emprego, serviço de saúde e educação com qualidade, segurança, lazer, respeito... tudo isso se conquista através de trabalho e organização.

Contudo, para atingir esse estágio faz-se urgente que desatemos os nós que prendem o nosso ser em um emaranhado de mentirar e ilusões, contos e fábulas, lendas e mitos acerca de quem somos e o que podemos ou não fazer. Aprendemos desde cedo que existem coisas que as crianças não entendem; aprendemos que há livros que apenas os mais instruídos são capazes de entender; aprendemos que a adolescencia é a idade da perda da razão e da irresponsabilidade desenfreada, sem limites; aprendemos que não temos capacidade para desenvolver o nosso intelecto; aprendemos que só iremos estudar determinado assunto em determinada série; aprendemos que pensar é difícil e que fazer ciência é coisa para poucas pessoas dotadas com capacidades extraordinárias. O principal não aprendemos ainda: não há limite de sexo, cor, idade, credo, nacionalidade para a capacidade que temos de aprender. Quem determinou que uma criança não irá entender um clássico da literatura ou da filosofia? Quem criou a escala de idades onde se pode aprender isso ou aquilo? Quem tem o poder de dizer aquilo que sou ou não capaz? Estamos mergulhados em uma trama bem tecida que sabota o nosso pensamento. O pior é que reproduzimos isso com tamanha força em nossos discursos que encontramos nessa ilusões explicações para nós mesmos que nos convencem de que não devemos ir além, ousar ser capaz.

Vivemos em um estado letárgico, de dormência das nossas potencialidade. Não queremos explorar os nossos recursos. É mais fácil dizer que o outro é mais inteligente ou que foi melhor preparado ou quem sabe que ele está em um nível de instrução que não alcançamos ainda. E assim nos conformamos em viver na mediocridade. Aplaudimos o que há de ridículo e desprezamos tudo que pode nos conduzir a assumir nosso papel. A LIBERDADE TEM PREÇO! A frase é batida mas sempre verdadeira. Precisamos olhar bem no fundo para chegar até a realidade das coisas. Viver na superficialidade só nos leva a uma série de ilusões que cada vez mais vão ludibriando nosso verdadeiro destino. Nascemos para brilhar com as estrelas e, entretanto, cada vez, mais de nós estão entregues as profundezas escuras da terra.

Quero acreditar que ainda resta alguma esperança e que em algum momento, em breve, muitos despertarão desse coma induzido em que se encontram para registrare atividade cerebral. Nesse dia, não mais será preciso pregar no deserto.
EDMARIO NASCIMENTO DA SILVA

terça-feira, 13 de abril de 2010

Por que tenho que estudar?

Compreender a importância de estudar para as nossas vidas parece ser uma tarefa cada vez mais difícil e que tem se distanciado muito da nossa realidade.

É preciso voltar no tempo, para a época em que o bicho homem caminhava amedrontado pelas florestas, olhando sempre para todos os lados, tentando evitar a surpresa de um ataque de algum animal feroz. Época em que ainda não tinha desenvolvido sua capacidade de articular uma série de eventos, condições, recursos e possibilidades para fazer surgir, como que em um passe de mágica, um objeto preciso a ser utilizado como meio capaz de afastar o perigo ao mesmo tempo em que resolvia questões de outra ordem.

Foi somente quando o bicho homem teve tempo de observar que uma descarga elétrica percorreu o seu cérebro e deu início a uma série de processos que resultaram na articulação dos pensamentos que andavam soltos por sua cabeça. Olhando o crepitar das chamas que consumiam os galhos secos das árvores, encantado com a magia que brotava daquele evento, sem conseguir desviar a sua atenção, dedicando-se em observar cada estalar, cada movimento provocado pelo vento e a mudança que ocorria com a madeira que aos poucos ia se transmutando em carvão, o homem deixou de ser bicho e ganhou nova designação. Estava fadado a, daquele dia por diante, ser chamado de humano.

O ser humano nasce, portanto, junto com a capacidade do bicho homem de aprender sobre os acontecimentos que lhe são externos, transformando de uma vez por todas tudo o que tinha em seu interior. Aprende que é capaz de manipular a natureza e transformar os seus elementos em elementos novos; aprende que é capaz de utilizar os objetos criados de diversas formas diferentes, ora para se proteger, ora para comemorar, ora para se alimentar. ora para decorar; aprende que não mais precisa fugir dos outros animais, tornou-se o soberano entre os bichos; e, de forma espetacular, aprende que é capaz de transmitir, transformar, acumular e ressignificar tudo que aprendeu e cria a obra-prima de toda a existência: a educação.

De tudo que é capaz de transformar a vida dos homens e mulheres, a educação é arma mais poderosa. Se somos criativos e inventivos, dotados de uma imaginação ilimitada e capacidade de superar os obstáculos é através da educação que nos inventamos humanos. O ser humano é o produto mais bem elaborado que surgiu da transformação do espaço. Ao criar os mecanismos para superar sua limitação, o animal homem que antes era submisso a natureza criou a si mesmo diferente de todo o resto chamando-se de ser humano.

Nascemos todos como qualquer outro animal mas pela ação da educação, responsável por nos transmitir e reelaborar o conhecimento acumulado de toda uma espécie, vamos nos criando humanos. Por isso, ao agir sem pensar, abrimos mão da longa trajetória que transformou uma coisa em um ser; deixamos de agir como senhores da natureza para nos igualarmos as feras selvagens que reagem por puro instinto.

Não se surpreenda: você é o resultado de um processo dinâmico e ininterrupto de transformação de experiências práticas em conhecimentos e teorias. Não reme contra a maré. Determine onde quer chegar, aproveite a oportunidade de usufruir da educação e ajude o ser humano a dar um salto de qualidade para se transformar em uma outra espécie, melhor integrada com a natureza, superando o atual estágio de dominador da natureza para novamente se integrar a ela não mais como um bicho, uma fera, mas como um parceiro e cumplice na criação de beleza, suavidade, harmonia e paz.
Edmario Nascimento da Silva

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tudo começa pelo fim.

Para começar uma caminhada é preciso estabelecer os objetivos. Esse primeiro passo é quem vai guiar toda a sequência de eventos que se desencadeará. É a partir dos objetivos que definimos as estratégias, visualizamos os possíveis problemas e soluções para eles. É o primeiro a ser estabelecido e o último a ser alcançado.

Quando estabelecemos os objetivos que pretendemos alcançar fica mais fácil planejar o necessário para que ele se realize. Não somos surpreendido pelas dificuldades, mesmo quando não fomos capazes de antecipá-las. Estamos convictos do que queremos. Concentramos esforços e energia para atingir o propósito.

Se desejamos, por exemplo, ser o melhor guitarrista do mundo, já temos claro qual é o nosso objetivo, o que queremos alcançar. A partir daí, devemos planejar os passos para chegar até lá. Começamos com escolher uma boa escola e um bom mestre, adquirimos material para estudar, dedicamos horas e horas estudando e treinando, aprimoramos o nosso ouvido, treinamos a técnica, estimulamos o nosso feeling (expressão, sentimento na execução) e, por fim, alcançamos a autonomia. É preciso ter consciência de que todas essas etapas são necessárias para alcançar o objetivo.

Não podemos perder de vista aquilo que queremos senão desanimamos. Depois de tudo isso é preciso ainda estar consciente de que não vai haver milagre. O céu não irá se abrir para trazer a mensagem de que somos reis da guitarra. Temos que adentrar no mundo da música, mostrar o nosso trabalho, colocá-lo para apreciação e crítica. Precisamos entender que não existe crítica construtiva. A função da crítica é mesmo apontar o que há de defeituoso, incompleto, imperfeito, feio e inadequado. A crítica deve destruir para deixar espaço aberto a uma reconstrução e renovação, para uma nova criação e aperfeiçoamento.

Com tudo é assim. Escrevemos um trabalho, entregamos aos professores e esperamos que ele nos diga que tudo está perfeito. Entretanto, o papel do educador é o de fazer a crítica. Não nos ajuda aquele professor que para tudo nos dá um sorriso, diz que está lindo, perfeito e dá um dez. Somos humanos e imperfeitos e essa é a nossa melhor qualidade. Significa que sempre podemos melhorar, sempre haverá algo a ser aperfeiçoado e, desse modo, haverá sempre um caminho melhor a ser descoberto que pode trazer resultados mais significativos para todos, e não somente para nós. Aquele que tem medo de nos apontar nossos defeitos, limites, incapacidades, inabilidades não nos ajudam. Quem sempre concorda com você pode ser seu pior inimigo pois não o deixa em alerta para o que pode ser melhorado.

Para conquistar nossos objetivos temos que aprender a ouvir a crítica e tomá-la como ponto de partida para uma nova empreitada. Quem nos crítica, ainda que tenha prazer em fazer isso, está nos ajudando (mesmo que essa não seja a intenção) porque nos proporciona uma visão que não estamos tendo daquilo que realizamos.

O caminho pode ser longo mas deve ser significativo. Saiba porque está fazendo e não será abalado pelos problemas. Desenvolva a percepção de que no caminho sempre haverá pedras. Não se entregue e siga em frente.

É como dizem: no final tudo acaba bem! Se não está bem é porque ainda não acabou!
Edmario Nascimento da Silva

Escrever

Escrever é ato, ação, escolha! Não há um segredo nem tampouco uma fonte de inspiração! Simplesmente é capaz de escrever aquele que se põe a escrever.

É bem verdade que não é de uma hora para outra, como um passe de mágica, que a pessoa resolver escrever e, a partir daí, sai escrevendo como Machado de Assis. É lógico pensar na existência de um método capaz de dotar o indivíduo da habilidade de escrever. Certamente há um caminho por onde se possa trilhar para desenvolver a capacidade de escrever.

Ler possibilita que tenhamos um repertório de informações disponíveis para serem usadas.

Não existe uma mágica para evitar o treinamento. É preciso começar a escrever. Escrever se aprende escrevendo. Aliás, quase tudo na vida só se aprende a fazer, fazendo.
Edmario Nascimento da Silva

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um pouco mais sobre pensar!

Das muitas coisas que falamos sem perceber a profundidade, uma conseguiu me assustar de uma forma que até então eu não tinha considerado: não usar a cabeça enferruja o cérebro!

É bem verdade que há um impulso natural do ser humano em usar a sua capacidade intelectiva. Mas o fato é que não usar essa capacidade acaba por embotar o cérebro. Assim como qualquer outra parte do corpo, a nossa massa cinzenta também precisar ser utilizada com constância para não ficar fora de forma. Não se trata de simplesmente fazer qualquer coisa, e sim, de exercitá-lo. Da mesma forma que a caminhada rotineira do dia a dia não deixa o nosso corpo em forma e que precisamos ir para uma academia, recorrer a personal trainer ou coisa que o valha para conseguir deixar os nossos músculos tonificados e estado sadio, ocorre com o nosso cérebro algo correlato. Precisamos oferecer ao centro de processamento de dados e informações que situa-se em nosso crânio um programa de treinamento e exercícios para que ele se mantenha sempre em forma. Um cérebro não utilizado atrofia. O problema reside no fato de que, uma vez atrofiado, precisa-se de um grande esforço para conseguir devolvê-lo a um estado sadio. E assim como ocorre com os nossos músculos que reclamam quando são forçados a entrar em forma pela repetição de séries de exercícios, também a nossa "cpu" reclama quando solicitada a deixar a comodidade do não-pensar. Sentimos dores de cabeça, tontura, agonia, ansiedade, medo, raiva, decepção, desespero, deseperança... tudo isso em uma tentativa de não ter que deixar o estado vegetativo para o estado consciente.

Muito dirão que já utilizam seus cérebros demais com tantas coisas que tem para se preocupar. Contudo, assim como o fato de uma pessoa aparentar estar em boa forma não significa que esteja, assim como que passa o dia no corre-corre de um lado para o outro não garante uma boa saúde, também aquele faz tarefas aparentemente intelectuais pode afirmar que tem o cérebro exercitado.

Sempre encontramos desculpas para não fazer aquilo que parece trazer algum sofrimento (às vezes realmente traz) mas que com a constância se converterá em benefício, virtude. Coloque-se em movimento e tire a poeira do andar superior.

Para quem não se empolga com a ideia de ter que exercitar o cérebro uma boa notícia: é o único órgão em nós que pode manter sua juventude e agilidade com o passar dos anos, desde que mantenha-se o hábito de desafiá-lo a estar sempre aprendendo coisas novas, resolvendo problemas e atualizando-se. Para os fãs de novidades tecnológicas uma dica: você é dotado com o computador mais avançado, com capacidade ilimitada, que o ser humano jamais será capaz de criar. Desfrute desse privilégio!
Edmario Nascimento da Silva

terça-feira, 6 de abril de 2010

A arte de bem pensar

Tem sido comum deparar com pessoas que cada vez mais desligam-se de sua capacidade de pensar.

Parece um exagero sem tamanho a afirmação acima, entretanto, uma breve análise do que está implicado na arte de pensar nos esclarecerá o fundamento para tal afirmação.

Pensar é antes de tudo um ato consciente, articulado, capacidade de planejar as etapas a serem seguidas para se obter determinado resultado. Pensar não deve ser confundido com pensamento. O pensamento é um pássaro livre que voa por aí sem rumo, é inerente a espécie humana sendo-lhe um atributo natural. A arte de pensar requer domínio do pensamento, requer capacidade de direcionar o pensamento para um determinado propósito. Pensar é como represar as águas de um rio para canalizá-la e, a partir de sua força, produzir energia. Pensar é ato coordenado com objetivos e que segue uma linha que direciona o pensamento para resolver os problemas que possam surgir, antevendo, antecipando os eventos e articulando os recursos necessários para superá-los ou usá-los a favor do que se pretende obter.

Perceba-se, portanto, que qualquer pessoa é dotada de pensamentos, mas pensar requer preparo e disciplina. É papel das escolas fornecer ferramentas adequadas com as quais os seus alunos sejam capazes de desenvolver a capacidade de pensar. Contudo, o que assistimos é um "faz de conta que acontece" onde professores e alunos não se disponibilizam para desenvolver essa arte que a muito vem sendo abandonada. Enquanto isso, na sala de justiça, os controladores do nosso dia a dia refestelam-se ao sabor das nossas desventuras. Se queremos igualdades, cidadania, direitos respeitados, garantias sociais, dignidade, paz... precisamos sair da caverna e deixar de ver as sombras como coisas inexplicáveis e fantásticas, abandonar as "verdades" fabricadas que nos empurram goela abaixo e assenhorarmo-nos de nossos pensamentos. Já se disse que o pensamento é a maior força criadora e transformadora do mundo. É verdade. Mas o pensamento somente pode alcançar essa qualidade quando não é direcionado por outros.

Pensar é condição sine qua non para a liberdade. Quem não governa seus pensamentos não pode escolher bem, e, escolher é prerrogativa para a liberdade. Que liberdade pode ter um indivíduo que não sabe porque gosta disso ou daquilo, por que usa essa ou aquela marca, esse ou aquele sapato, essa ou aquela bolsa? Que liberdade tem aquele que, de forma ingênua, acredita que a escolha de usar uma "pulseira do sexo" como adereço, sem maiores compromissos,  não pode ser interpretada pelo outro como sinal para suas ações?

Mas do que nunca precisamos resgatar essa tão bela arte que ficou abandonada ao longo dos anos, confinanda em redutos onde uma pequenina parcela, sabedora da importância dessa preciosa arte, divulga pensamentos violentos contra ela através de suas bandeiras de consumismo e alienação.

Pensar é preciso!
Edmario Nascimento da Silva

domingo, 4 de abril de 2010

Vivendo em um aquário!

Olhe ao seu redor. Será que você consegue perceber as barreiras que existem e que impedem de viver a totalidade do seu lugar?

Todos os dias somos bombardeados por uma série de propagandas de consumo que veem carregadas de ideologias. Consumimos não apenas produtos, consumimos muito mais ideias! De verdade, viramos um outdoor ambulante fazendo propaganda gratuita de varios produtos que estão na moda. Afirmamos nossa identidade através de coisas não de personalidade, vontade ou autonomia. Estamos cada vez mais esquecendo de quem deveríamos ser e assumindo o personagem que alguém, em algum escritório confortável ou em casa, cercado de todos os luxos, preparou para nos vender.

Somos peixinhos em aquários! Acreditamos que temos liberdade, que podemos ir e vir quando bem entendermos, que podemos expressar qualquer pensamento e fazer aquilo que bem entendermos. Não enxergamos as paredes de vidro do aquário que nos prende. Vemos através dela o mundo com todas as suas possibilidades, belezas, encantos, ritmos, sons... mas não nos damos conta de que nos é permitido viver apenas um pequeno pedaço desse mundo. Somos controlados! Não vemos quem controla o que está do lado de fora do aquário. As paredes invisíveis são a maior prisão! Se não a vemos, acreditamos que somos livres. Se não a vemos, não há porque querer lutar para ter liberdade! Se não a vemos, aceitamos sem questionamentos todas as imposições que derivam de sua existência.

As paredes invisíveis que nos prendem e nos limitam podemos dar o nome de ideologia. Trata-se da maior forma de domínio já criada pelo ser humano. É a maior arma já inventada, capaz de matar sem precisar lançar sequer um pequeno projétil e ainda ser aceita como natural. As vezes parece que há uma teoria da conspiração! Na verdade, a grande sacada da ideologia é conseguir se camuflar no inconsciente fazendo com que cada indivíduo assuma para si as verdades preparadas por outros (uns pouquíssimos) que detém o controle das ideias, e portanto, o domínio sobre a vida de todo um grupo.

Combater essa dominação requer um esforço que nem todos - na verdade, quase ninguém -  está disposto a fazer! Requer a leitura constante, crítica e reflexiva, consciente que abre caminho para a autonomia do pensamento. Requer estar atento aos discursos para desconstruí-los nas componentes básicas de suas ideias, identificando-as e analisando-as, para depois se posicionar sobre a aceitação ou não dela. A escola tem sido palco de propagação de ideologias mas tem potencial para se tornar, ao exemplo de Sócrates, a arena onde a consciência emerge trazida a tona com o auxílio do professor.

Sair do aquário e aproveitar toda a capacidade do oceano: eis o sonho que devemos aspirar com toda vontade!
Edmario Nascimento da Silva