quarta-feira, 14 de abril de 2010

O mito da adolescência... histórias para enrolar o coração (e a cabeça)!

Em uma época em que a ciência não havia se desenvolvido ainda, as explicações para os fenômenos extraordinários que ocorriam no dia a dia do ser humano partiam de observações da vida prática misturadas a uma imaginação fantástica. O resultado dessa mistura chamava-se mito.

Com o passar do anos e o desenvolvimento do conhecimento humano era de se supor que não haveria mais lugar para a mitologia, ou seja, explicações fantasiosas para os eventos da vida. Contudo, não foi bem assim que ocorreu. Na verdade, o avanço científico estimulou cada vez mais a criação de mitos: o trabalho dignifica o homem; todos somos iguais perante a lei; vivemos em situação de miséria porque o país é  pobre; o voto é a arma do cidadão para transformar a sociedade; quem ama é fiel; o amor supera tudo... e uma infinidade de outros contos e lendas.

Quero nesse espaço pensar sobre um deles em especial: O mito da adolescência! Nas sociedades primitivas não existe a figura do adolescente. Os "adolescentes" vivem em conjunto com os adultos assumindo responsabilidades e tarefas. Não há registro na história das civilização grega ou romana sobre qualquer coisa havida como adolescência. Entre os espartanos, os cidadãos eram afastados de suas famílias aos sete anos recebiam treinamento e assumiam a sua obrigação para com Esparta. Eram treinados nas artes de combate mas também na política. Em Atenas, a idade dos sete anos marcava o início do período de estudos em artes, filosofia, política, retórica, matemática e poesia além de cultuarem a boa forma do corpo. Entre os romanos, desde cedo, recebiam educação para a vida política e o exercício da cidadania romana. Na história, vários imperadores, reis, governantes etc tinham a idade entre 12 e 14 anos. Onde estavam as transformações psicológicas pertubadoras, capazes de desequilibrar as atitudes dos jovens e torná-los despidos de bom senso e responsabilidade? Em que lugar estavam escondidas a descompensação hormonal e as mudanças de humores que caracterizam a tal adolescência? Onde estava escondida a irresponsabilidade característica dessa tal fase? E todo o blá blá blá... onde?

Somente após a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, quando foi preciso estimular a formação de um exército de reserva é que tem início a ideia de adolescencia. Quando as condições materiais permitiram que um número cada vez menor de pessoas fossem necessárias para produzir riquezas, o número de mãos utilizadas no trabalho foi sendo reduzida. Nesse momento, ao invés de permitir aos demais usufruir das benesses do avanço, criaram mecanismos eficientes de controle das peças de reposição para o mercado de trabalho e inventaram a adolescência.

Nos dias que se seguem, a tecnologia e as ciências associados a ideologia massificadora e idiotificante do ser humano criou um híbrido perfeito: manipulável, maleável e inconsistente. A figura do adolescente ganhou o centro das atenções. A psicologia moderna encarregou-se de descarregar sobre os pais, mestres e sociedade ideias falaciosas sobre a famosa "transição" para a idade adulta. A pedagogia, em especial, procurou responsabilizar totalmente os educadores pelo fracasso do adolescente e idolatrou o sucesso de outros (raríssimos) como exemplo de jovem que supera a falta de preparo do educador. A mídia encontrou o consumidor perfeito. E o mundo paga a conta. A adolescência virou um monstro de olhos vermelhos e garras afiadas pronto para destruir a sociedade sem ter que se preocupar com qualquer consequência.

Qualquer adolescente quer ouvir que ele vive um período difícil, complicado, com muita pressão: a descoberta do amor, a transformação do corpo, a aproximação do vestibular, a sexualidade... Todos querem que se diga: Não é culpa sua! Você não tem que se preocupar com isso! Ainda são jovens e tem que aproveitar! Ao meu ver o que de fato é necessário é acabar ou pelo menos transfomar essa mitologia em algo mais palatável, mais verdadeiro. Utilizar aspectos reais (transformação do corpo, hormônios...) e misturá-los à fantasias (ser irresponsável, indeciso, inseguro...) dando vida a uma fase, não significa dizer que essa mitologia contemporânea não possa ser superada (assim como a mitologia grega foi superada pelas descobertas posteriores).

O que sei de fato é que em nada ajuda ao adolescente ratificar todas as besteiras que se diz sobre eles. A solução é simples e sempre esteve a disposição, tendo sido citada pelas sagradas escrituras em seus livros sapienciais: Educa a criança no camino reto para que não tenhas que repreender o adulto.
Edmario Nascimento da Silva

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