quarta-feira, 14 de abril de 2010

É hora de acordar!

De fato há uma barreira que parece intransponível impedindo as pessoas de exercitarem a sua capacidade de pensar e exercitar o livre arbítrio.

Durante o meu dia convivo com pessoas diferentes, de diferentes formações, história de vida e experiências diversas e, cada vez que o dia termina, coloco-me a pensar sobre a lição aprendida. Causa-me certo pavor perceber a maneira como se interpõe entre o indivíduo e sua realidade o descaso com sua liberdade.

Construir uma cidadania - de fato o termo que se deve aplicar é construção pois se trata de um estágio a que o ser humano precisa efetivamente vir a ter, não estando dado e posto desde sempre e para todos - implica em garantir condições mínimas para se ter dignidade: ter uma casa para morar, emprego, serviço de saúde e educação com qualidade, segurança, lazer, respeito... tudo isso se conquista através de trabalho e organização.

Contudo, para atingir esse estágio faz-se urgente que desatemos os nós que prendem o nosso ser em um emaranhado de mentirar e ilusões, contos e fábulas, lendas e mitos acerca de quem somos e o que podemos ou não fazer. Aprendemos desde cedo que existem coisas que as crianças não entendem; aprendemos que há livros que apenas os mais instruídos são capazes de entender; aprendemos que a adolescencia é a idade da perda da razão e da irresponsabilidade desenfreada, sem limites; aprendemos que não temos capacidade para desenvolver o nosso intelecto; aprendemos que só iremos estudar determinado assunto em determinada série; aprendemos que pensar é difícil e que fazer ciência é coisa para poucas pessoas dotadas com capacidades extraordinárias. O principal não aprendemos ainda: não há limite de sexo, cor, idade, credo, nacionalidade para a capacidade que temos de aprender. Quem determinou que uma criança não irá entender um clássico da literatura ou da filosofia? Quem criou a escala de idades onde se pode aprender isso ou aquilo? Quem tem o poder de dizer aquilo que sou ou não capaz? Estamos mergulhados em uma trama bem tecida que sabota o nosso pensamento. O pior é que reproduzimos isso com tamanha força em nossos discursos que encontramos nessa ilusões explicações para nós mesmos que nos convencem de que não devemos ir além, ousar ser capaz.

Vivemos em um estado letárgico, de dormência das nossas potencialidade. Não queremos explorar os nossos recursos. É mais fácil dizer que o outro é mais inteligente ou que foi melhor preparado ou quem sabe que ele está em um nível de instrução que não alcançamos ainda. E assim nos conformamos em viver na mediocridade. Aplaudimos o que há de ridículo e desprezamos tudo que pode nos conduzir a assumir nosso papel. A LIBERDADE TEM PREÇO! A frase é batida mas sempre verdadeira. Precisamos olhar bem no fundo para chegar até a realidade das coisas. Viver na superficialidade só nos leva a uma série de ilusões que cada vez mais vão ludibriando nosso verdadeiro destino. Nascemos para brilhar com as estrelas e, entretanto, cada vez, mais de nós estão entregues as profundezas escuras da terra.

Quero acreditar que ainda resta alguma esperança e que em algum momento, em breve, muitos despertarão desse coma induzido em que se encontram para registrare atividade cerebral. Nesse dia, não mais será preciso pregar no deserto.
EDMARIO NASCIMENTO DA SILVA

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